Como muitos reclamaram, ando sem tempo para atualizar o blog, esse período é um pouco apertado para mim, mas isso não quer dizer que o blog está abandonado, tenho respondido a todas as perguntas enviadas, espero que a partir de agora as coisas se normalizem !
Vamos falar hoje dos pedais analógicos. Se não leu a primeira parte do artigo clique aqui. Seria recomendável também você ler a série de posts sobre amplificadores, pois vários conceitos que foram explicados nela também serão referenciados aqui:
parte I
parte II
parte III
parte IV
Mas vamos lá. Quando falamos em "pedais analógicos" a que estamos nos referindo ? O meu entendimento é de que estamos falando de um circuito eletrônico projetado para trabalhar com sinais analógicos. Um sinal assim se manifesta como uma grandeza analógica, podendo assumir qualquer valor dentro uma determinada faixa, expressando assim um comportamento contínuo. Exatamente como um sinal de áudio se manifesta. É diferente de uma grandeza digital, onde um sinal analógico é convertido para um sistema binário, passando a ser representado então por uma cadeia de sequências de "0" e "1", para ser processado então por sistemas computacionais.
Os componentes eletrônicos mais utilizados para compor circuitos analógicos são resistores, capacitores e indutores (componentes ditos passivos) e as válvulas, transistores, diodos e circuitos integrados analógicos. Na prática, pouquíssimos pedais analógicos são valvulados.
Você já viu como são esses componentes ?!
Resistores
Capacitores
Transistores
É difícil para quem não entende nada de eletrônica diferenciá-los, não ?
Mas o fato é que esses componentes eletrônicos, combinados entre si segundo circuitos eletrônicos específicos, vão dar origem a maioria dos pedais analógicos que conhecemos.
Fica mais fácil se classificarmos os pedais de guitarra segundo suas "famílias", ou seja, de acordo com a natureza da modificação que eles introduzem no sinal de áudio originário da guitarra. Uma classificação mais comum seria a seguinte:
- Pedais de distorção: overdrive, fuzz, distortion, booster e simulador de amplificadores (estes últimos são mais comuns com pedais digitais mas também existem os analógicos, como o Sansamp Gt2)
- Pedais de Eco: Delay e Reverb.
- Pedais de modulação: Chorus, Flanger, Phaser, Vibrato, Rotovibe e outros.
- Filtros: Wha-Wha, Envelope.
- Volume: Compressor, Limiter, Pedal de Volume.
- Pedais Especiais: Equalizadores, Afinadores, Noise Gate, etc.
Os circuitos eletrônicos dos pedais que fazem parte de uma mesma família apresentam bastante similaridade entre si. Como este não é um blog de eletrônica fica meio complicado entrar no funcionamento destes circuitos, quem quiser saber algum detalhe específico é só perguntar.
A ideia do "pedal de guitarra" (também conhecido como "stompbox") nada mais é do que a construção de uma unidade autônoma para cada efeito. Assim se você quiser uma cadeia de efeitos que inclua um wah-wah, um overdrive e um chorus, muito provavelmente vai ter que comprar três pedais diferentes, embora existam pedais que implemente mais de um efeito mas aí você começa a cair na ideia de "pedaleira", não é mesmo ?
Em que ordem ligar os pedais de guitarra
Muito bem, se vamos ter várias "unidade autônomas", teremos que interligá-las. A maneira mais comuns de interligar os pedais de guitarra é em série, ou seja, a saída ("output") de um é ligada na entrada ("input") de outro, até que o último da cadeia é ligado na entrada do amplificador.
Parece simples não ? Mas acontece que guitarristas gostam das coisas complicadas, então, a partir de agora o assunto vai complicar...
A primeira dúvida que todo iniciante é em que ordem pedais deveriam ser ligados ?
Não existe uma unanimidade sobre este assunto, se você pesquisar sobre isso na internet, vai encontrar músicos famosos e desconhecidos fazendo recomendações diferentes... O que fazer então ?!
A minha primeira recomendação é de que os pedais de uma mesma família devem ficar juntos (na sequência) dentro da cadeia de efeitos. Isso faz sentido até porque dificilmente vc usa mais de um pedal da mesma família ao mesmo tempo. Por exemplo, sua pedalboard pode ter um phaser e um chorus mas você provavelmente não vai usá-los ao mesmo tempo. Dessa maneira, com os pedais da mesma família juntos, fica mais fácil até de "achá-los" na hora de pisar nos pedais !
Uma outra dica é que alguns pedais, em especial os pedais de distorção e alguns compressores, agregam ganho no sinal, ou seja, amplificam o sinal em um certo nível. Infelizmente, quando isso acontece, os ruídos também são amplificados juntos, em especial o chamado "hum" dos captadores singles (em geral usados nas stratocasters). Os pedais de distorção também "clipam" o sinal, ou seja, fazem uma espécie de "ceifamento" da forma da onda, em geral isso é feito fazendo o sinal passar por um circuito "clipador" com diodos invertidos em paralelo. A consequência disso é a "distorção do sinal" e a modificação dos seus harmônicos. Por causa dessas características, recomendo colocar os pedais de distorção no início da cadeia de efeitos (na saída da guitarra), ou, pelo menos, antes dos pedais de modulação.
Alguns recomendam colocar os pedais de compressão antes dos de distorção, eu acho que isso depende muito dos pedais que você tem mas a ideia é válida.
Já o wha-wha, alguns gostam antes dos pedais de distorção, outros depois. eu prefiro antes.
Em resumo, uma sugestão para você sequenciar os seus pedais seria partir da seguinte ordem para começar a experimentar variações:
Guitarra ->Wah -> Distorções -> Modulações -> Ecos -> Amplificador
True Bypass or not true Bypass ?!
Esta é outra questão que atormenta os guitarristas ! O que é o "bypass" ? Vimos acima que a ideia do pedal de guitarra é a de uma unidade autônoma que implementa apenas um efeito. Evidente que tem que ter o controle de quando o efeito é ligado ou não. E ainda, quando o efeito não estiver ativo, o sinal da guitarra deve continuar passando pela cadeia de efeitos. É claro não ? Senão o som não sai !
Aí é que está !... O que acontece é temos dois sistemas diferentes. O primeiro é conhecido como "True Bypass" e consiste em usar uma chave elétrica que desvie completamente o sinal da guitarra do circuito do efeito quando este estiver inativo. Assim, é como se o sinal da guitarra passasse "por fora" do pedal. O outro sistema (não true bypass) utiliza um circuito eletrônico especial conhecido como "buffer", nesse esquema o sinal da guitarra continua passando pelo circuito do pedal mesmo quando o efeito está inativo, apenas passa por um caminho diferente, ou seja, passa pelo "buffer".
A questão é que o sinal da guitarra perde alguma coisa em sua pureza original toda a vez que passa por um circuito eletrônico. Os defensores do true bypass alegam que ao utilizar uma chave desviando o sinal, este seria mais preservado. Como tudo no mundo da guitarra, não existe unanimidade de opiniões. Lembro aqui que os pedais da Boss, de longe o fabricante mais famoso de efeitos de guitarra não são true bypass. Existe ainda alguns efeitos colaterais, alguns pedais true bypass produzem um incomodo "estalo" quando são acionados.
A minha opinião pessoal é que os pedais true bypass de fato preservam mais o som original da guitarra mas vamos lembra que isso depende muito mais da qualidade dos cabos que você vai utilizar para interligar os pedais, de nada adianta ter pedais caros e eficientes e usar cabos e conectores vagabundos que vão detonar com o seu sinal !
Comprando pedais de guitarra !
Muito bem, quando eu concluir essa série de posts sobre pedais e pedaleiras vou fazer uma análise do que eu acho mais recomendável para um iniciante. Mas vou adiantar logo a conclusão ! A minha opinião é de que o iniciante deve começar com uma pedaleira de custo mais acessível. A razão disso é que o iniciante está em um processo ainda de conhecer os efeitos e pedais de guitarra. Ora, uma pedaleira, mesmo as mais simples, permite que o iniciante possa testar e utilizar mais de 20, 30 efeitos diferentes, ele só vai conseguir isso com os pedais se gastar uma nota preta ! Uma pedaleira de entrada, digamos, uma Zoom G2 ou uma Boss Me-25 custam quase a mesma coisa do que um pedal de melhor qualidade, então fica evidente a vantagem de se começar com a pedaleira ! Mas vou detalhar o assunto futuramente, aguardem !
Mas... Existe alguma coisa nos pedais que mexe com o subconsciente dos guitarristas ! Então, se você quiser começar direto com os pedais (e não tem nada errado com isso !), vou deixar algumas dicas.
Hoje em dia, existem pedais de tudo quanto é jeito, chineses, clones, handmades, de boutique, etc. Os preços, é claro, são os mais diferentes. A oferta é enorme (ainda bem, não ?!).
- Você pode começar comprando um overdrive, se o seu amplificador já tem reverb ou delay embutido, já dá para começar a brincar legal, um pedal que tem um ótimo custo/benefício é o Boss SD-1 Super Overdrive, pedal muito bacana utilizado por muitos músicos profissionais. Outro overdrive de custo acessível que vale a pena testar é o Digitech Bad Monkey. Para um som mais pesado, o Boss Metal Zone é um clássico, ainda que muitos o detestem, rs !... Um pedal de distorção também muito bacana é o Pro Co Rat e seus clones, produz uma ampla variedade de distorções que podem ser ouvidas nos álbuns clássicos do rock !
- Os pedais de eco analógicos são bastante limitados, é claro que muitos guitarristas preferem o som deles mas se você vai comprar o seu primeiro delay, por exemplo, recomendo que compre um pedal digital tipo o Boss Digital Delay, eles possuem muito mais recursos do que os pedais analógicos de delay, fora que muitos pedais de delay ditos "analógicos" na verdade não o são...
- Infelizmente, de uns anos para cá, a Boss começou a lançar pedais compactos que na verdade são unidades digitais. O problema é que ela não deixa claro isso no nome do pedal ! Por exemplo, o Boss Phaser PH-2 é analógico mas já o PH-3 é digital. Ora, se eu quiser um efeito digital compro logo uma pedaleira ! Não que esses pedais sejam ruins mas penso não ser legal interligar vários efeitos que vão fazer conversão A/D e D/A a cada entrada e saída, fora que é inviável utilizar pedais digitais com bateria, dura muito pouco.
- A Danelectro tem uma linha bastante ampla de pedais com preços extremamente acessíveis e boa qualidade, várias versões de pedais famosos estão disponíveis neste fabricante, é uma opção para quem está começando.
- Alguns pedais analógicos clássicos, como por exemplo "Big Muff" e "Fuzz Face" foram projetados mais para funcionar com amplificadores valvulados, por conta disso você pode ter alguma decepção ao ligá-los no seu equipamento. Procure sempre ler as reviews e pesquisar informações antes de comprar qualquer pedal !
É isso, muita informação por hoje, depois continuamos, eu sou o MadGuitarMan e você está no Blog "Iniciante na Guitarra" ! Que sorte a nossa !!! abç.
Uma coisa que você não abordou e que pode deixar dúvidas nos mais novatos é sobre o uso de pedais (ou pedaleiras) combinados aos efeitos embutidos no próprio amp, acionados através de footswitch.
ResponderExcluirAlgo importantíssimo que você apontou:
"A minha opinião pessoal é que os pedais true bypass de fato preservam mais o som original da guitarra mas vamos lembra que isso depende muito mais da qualidade dos cabos que você vai utilizar para interligar os pedais, de nada adianta ter pedais caros e eficientes e usar cabos e conectores vagabundos que vão detonar com o seu sinal !"
Esse é um problema muito comum em igrejas: ás vezes os caras conseguem adquirir mesas, microfones e caixas de som muito boas, mas a coisa não fica legal por que simplesmente ninguém lembra de adquirir cabos novos...
As pessoas realmente subestimam o valor de um bom cabo.
Tem razão, faltou falar em loop de efeitos do amp, no próximo texto eu complemento !
ExcluirMuito Bom!
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