sábado, 1 de agosto de 2015

Frank Zappa e o significado perdido da genialidade

Olá !



Nos anos 60, se você escutasse a palavra 'gênio' usada no contexto do universo do Rock, provavelmente estaria escutando uma referência a alguém como John Lennon, Pete Townsend ou Jimi Hendrix. Sem a menor dúvida foram gênios que mudaram não somente a sonoridade mas também os valores do seu tempo. E tivemos ainda pelo menos uma dúzia de outros músicos que mereceriam com toda a justiça a deferência que a palavra 'gênio' comporta. Até pelo menos a primeira metade dos anos 70, assistimos a uma tamanha explosão de talento que chegava a beirar o desperdício, assim, a genialidade era quase a regra, não a exceção.

Mas tudo que é bom acaba... Aos poucos, o mundo do Rock foi sendo invadido por um exército de mediocridades, em um movimento que sinalizou o início da decadência musical que resultaria nessas 'maravilhas' que estamos sujeitos a escutar se ligarmos o rádio hoje...

Mas, a medida em que a arte piorava, a palavra 'gênio' era usada cada vez mais ! Nos anos 80, todo mundo era gênio...  Prince era gênio, Washington Olivetto era gênio, até Terence Trent D'Arby (who ?!) era gênio ! Se Andy Wharol, o eterno árbitro da fama efêmera, tivesse especulado um pouco  mais poderia ter pontificado que todos seriam gênios por 15 minutos !

A verdade é  que a palavra 'gênio' se vulgarizou. Se perguntássemos ao 'Mad Men'  Don Draper o que seria um 'gênio', talvez ele nos dissesse que 'é aquilo que caras como eu inventam para que você compre gato por lebre !'.

Mas aí então pergunto: que palavra poderíamos usar para classificar um camarada que era um virtuose absoluto da guitarra, um maestro que utilizava as estruturas mais complexas da música clássica de vanguarda e do free jazz como base do seu trabalho, que já nos anos 60 aplicava modalismo, compassos exóticos e arranjos ultra sofisticados, e, ao mesmo tempo, não abria mão de um humor absolutamente cáustico, iconoclasta, pornográfico mesmo em suas letras, cumprindo o mandamento número um do Rock, que é não se levar a sério ?!

E mais, para nós, guitarristas, Frank Zappa deixou o melhor conselho que alguém poderia dar a um guitarrista: 'Shut Up 'n Play Yer Guitar' !

A verdade é que um artista assim era muito difícil de se compreender ou classificar. Muito mais fácil era apenas amá-lo, curtir a figuraça incrível que ele foi  e delirar com aquela fantástica viagem sonora que ele nos entregava !

Assim era Frank Vincent Zappa (1940-1993). Alguém que poderia ter passado para a história como o maior guitarrista que o Rock já teve mas sua música e sua lenda foram tão grandes que isso deixou de ser relevante. Era um gênio.



É isso, abç a todos !

2 comentários:

  1. Só conhecia City Of Tiny Lights. Depois dessa postagem e resolvi ouvir algumas músicas. Concordo que comercialmente não é muito viável, mas é inegável a criatividade do cara.

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    1. Na verdade foi um sucesso relativo até comercial, principalmente na década de 70, haja vista que ele gravou mais de 60 álbuns. Os meus preferidos são o 'one size fits all', o 'hot rats', o 'zoot allures', o 'sheik yerbouti' e o 'Live--Fillmore East 1971'

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